Impacto das Tarifas dos EUA nas Exportações Catarinenses:
Como a Tarifa de 50% Atinge Seu Negócio
O aumento das tarifas de importação impostas pelos Estados Unidos — com alíquotas que chegam a 50% — tem gerado impactos significativos nas exportações catarinenses. Na avaliação recente da Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), essa medida pressiona custos, reduz competitividade e pode forçar empresas a rever suas estratégias.
Avaliação da FIESC
O presidente da FIESC, Mario Cezar de Aguiar, reitera a necessidade de manutenção dos canais de negociação pela diplomacia brasileira, sob pena da situação se agravar com o cancelamento de investimentos no Brasil. Avalia que é necessário trabalhar com serenidade pela melhor solução e considerando os interesses do Brasil.
Segundo ele, a decisão precisa ser avaliada sob três aspectos: sob o ponto de vista econômico, não há justificativa para a aplicação desta taxa, já que os Estados Unidos registram superávit há décadas na balança comercial com o Brasil; Segundo aspecto diz respeito às políticas domésticas, o Brasil é um país soberano e suas decisões, certas ou erradas, devem ser respeitadas; por fim, ao invés de adotar postura neutra em relação à diplomacia internacional, o Brasil repetidamente assume posições de desalinhamento com os Estados Unidos.
Perfil das Exportações Catarinenses Afetadas
Entre os principais produtos exportados por Santa Catarina para os EUA estão madeira processada, produtos têxteis, itens da metalurgia e alimentos industrializados. Esses setores, altamente dependentes do mercado americano, estão entre os mais afetados pela nova tarifa.
Segundo dados do MDIC, as exportações catarinenses bateram recorde no primeiro semestre de 2025, superando US$ 6 bilhões. No entanto, esse desempenho pode ser comprometido com as novas barreiras tarifárias, colocando em risco centenas de milhões em receita.
Efeitos no Comércio Exterior e na Logística
Historicamente, os Estados Unidos têm sido um dos principais destinos das exportações de Santa Catarina. A relação comercial é intensa e representa parte considerável da receita de diversos setores industriais do estado. No ano passado, o estado de SC embarcou para lá US$ 1,74 bilhão, na sua maioria itens manufaturados, como produtos de madeira, motores elétricos, partes de motor e cerâmica.
Segundo artigo do Reconecta News, Estados Unidos lideram compras de Santa Catarina: “os produtos de Santa Catarina chegaram a mais de 200 destinos internacionais no primeiro semestre. Os Estados Unidos permaneceram como principal comprador, com US$ 847 milhões em aquisições, principalmente de madeira, móveis e motores elétricos.“
Brasil e Estados Unidos sustentam uma relação econômica robusta, estratégica e mutuamente benéfica alicerçada em 200 anos de parceria. De acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o aumento da tarifa terá impacto significativo na competitividade de cerca de 10 mil empresas brasileiras que exportam para os Estados Unidos.
O país norte-americano mantém superávit comercial com o Brasil há mais de 15 anos. Somente na última década, o superávit norte-americano foi de US$ 91,6 bilhões no comércio de bens. Incluindo o comércio de serviços, o superávit americano atinge US$ 256,9 bilhões. Entre as principais economias do mundo, o Brasil é um dos poucos países com superávit a favor dos EUA. A CNI aponta também que a entrada de produtos norte-americanos no Brasil estava sujeita a uma tarifa real de importação de 2,7% em 2023. A tarifa efetiva aplicada pelo Brasil aos Estados Unidos foi quatro vezes menor do que a tarifa nominal, de 11,2%, assumida no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC).”
Para minimizar os impactos, especialistas sugerem diversificar mercados, buscando novos destinos como Europa, América Latina e Ásia. A revisão de contratos com foco em cláusulas cambiais também é essencial. Outra ação estratégica é o uso de regimes aduaneiros especiais que oferecem isenções ou reduções tributárias para exportadores.
A imposição da tarifa de 50% pelos EUA afetará diretamente a competitividade das exportações catarinenses, exigindo estratégias e uma adaptação rápida por parte das empresas. A diversificação de mercados e o suporte de um despachante aduaneiro são passos decisivos nesse processo.
Fonte: Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina – FIESC e Reconecta News